quarta-feira, 4 de outubro de 2017

8ª Feira Estadual das Sementes Crioulas e Tecnologias Populares



            A Feira Estadual de Sementes Crioulas e Tecnologias Populares, é um evento de abrangência nacional com a participação e o intercâmbio de países da América Latina e MERCOSUL, como a Argentina, Chile, Venezuela, Uruguai e Paraguai.

            A Feira de Sementes, busca através de uma programação diversificada (seminários, oficinas, palestras, show’s, etc.) enfocada na realidade dos agricultores, promover a informação e a formação destes agricultores quanto à importância da conservação da biodiversidade, sobretudo, a preservação das sementes crioulas e a sustentabilidade na agricultura familiar.

            Nas 6 edições da feira realizadas até agora (2002,2004,2006,2009 e 20011, 2013), 100 mil pessoas passaram pelo evento onde tiveram a possibilidade de ampliar o seu conhecimento e a sua interação entre os agricultores de diversas regiões, bem como do público visitante, das organizações, instituições de pesquisa e a extensão rural que apoiaram e que demonstraram os seus trabalhos neste evento. Na última edição da feira – outubro de 2013 – aproximadamente 3,6 mil kg de sementes crioulas foram comercializadas diretamente na feira pelo sistema de troca-troca entre os agricultores e 30 mil kg de sementes crioulas através  da Cooperativa União para a Secretaria de Desenvolvimento Rural do Município de Canguçu beneficiando mais de 13 mil famílias.

            A forma de realização da Feira promove um encontro dinâmico com exposição de sementes crioulas, inventos dos agricultores, farmácia caseira, artesanato, agroindústria familiar, produtos da pesca artesanal, oficinas temáticas centradas na sustentabilidade e agroecologia, seminário sobre sementes crioulas, feira de trocas, feira de livros, teatro, música, dança e celebrações ecumênicas, valorizando as manifestações culturais da região preservadas ao longo do tempo, bem como o resgate de inúmeras delas que caíram no esquecimento.

            A Feira Estadual das Sementes Crioulas e Tecnologias Populares, desde a sua primeira edição é resultado de um trabalho conjunto da UNAIC com diversas instituições e organizações locais e regionais que defendem a sustentabilidade e que buscam alternativas de sobrevivência no meio rural em harmonia com o meio ambiente.

PROGRAMAÇÃO
06/10/2017 - Dia 1 -  Seminário
07/10/2017 - Dia 2 - Programação
08/10/2017 - Dia 3 - Programação
 
fonte: http://feiradassementes.com.br/feira

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Policial que Assassinou Sem Terra com tiro pelas costas vai a júri popular por homicídio qualificado


Fonte: Google
Na próxima quinta-feira (21), na 1ª Vara do Júri da Comarca de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, será realizado o júri popular do policial militar Alexandre Curto dos Santos, que assassinou com um tiro pelas costas o trabalhador rural Sem Terra Elton Brum da Silva. Oito anos após o crime, Curto vai a julgamento acusado por homicídio qualificado, ou seja, por impossibilitar a defesa da vítima. O réu ainda não foi preso.

O júri terá início às 9h30, no 5º andar do Foro Central I, e será presidido pelo Juiz Orlando Faccini Neto. A família de Elton (sua filha, a viúva e seu pai) e alguns militantes do MST vão acompanhar o julgamento. Outros farão vigília e intervenções pacíficas nas ruas próximas para denunciar à população os assassinatos ocorridos na luta pela terra. Conforme o Tribunal de Justiça, o júri popular será composto por sete jurados escolhidos por sorteio. Eles acompanharão os depoimentos, a apresentação das provas e dos debates. Após, votarão se consideram o réu culpado ou inocente. Se condenado, a pena varia de 12 a 30 anos de prisão.

Segundo o advogado Emiliano Maldonado, o julgamento popular do policial militar acontece na Capital gaúcha depois de uma larga tramitação processual, decorrente de uma série de medidas protelatórias por parte do réu, e da necessidade de desaforar o processo da Comarca de São Gabriel em busca de um julgamento imparcial. “Quase uma década depois, a família de Brum segue aguardando que o Poder Judiciário faça justiça e condene o policial militar responsável pelo homicídio qualificado”, acrescenta.

O assassinato
O assassinato de Elton Brum da Silva ocorreu em 21 de agosto de 2009, durante uma violenta e arbitrária reintegração de posse da Fazenda Southall, um latifúndio em torno de dez mil hectares localizado em São Gabriel, na Fronteira Oeste do RS. A ação truculenta da Brigada Militar contra cerca de 500 famílias do MST resultou em dezenas de feridos e na morte Brum, aos 44 anos de idade. Ele deixou a esposa viúva e uma filha menor de idade.

O assassinato do Sem Terra ocorreu a queima roupa, com um tiro pelas costas de espingarda calibre 12, disparado por Alexandre Curto dos Santos. À época, o policial militar atuava no Pelotão de Operações Especiais do 6° Regimento de Polícia Montada (RPMon) do município de Bagé. Durante o processo, Curto assumiu ter sido o autor do disparo.

Fonte: Google
O comando da BM teria recomendado aos policiais prudência e o uso de munição não-letal. O disparo fatal, no entanto, foi efetuado com munição real, a curta distância e pelas costas, ou seja, tornando impossível a defesa da vítima. Conforme os advogados da assistência da acusação, “é expressamente proibido pelos regulamentos internos da polícia, por ordenamento jurídico e pelos tratados internacionais a utilização de munição letal durante a realização de despejos forçados de famílias e movimentos sociais”. O policial militar alegou ter agido em legítima defesa e ter trocado acidentalmente sua arma com a de um colega, que possuía a munição letal.

No ano passado, o Estado do RS foi condenado a indenizar a família de Brum, por danos morais, e com uma pensão de um salário mínimo regional à filha até a sua maioridade. Porém, passados mais de oito anos do assassinato, a mãe, a filha e o pai da vítima ainda aguardam o pagamento por precatório.

Desapropriação
Após várias lutas do MST na região da Fronteira Oeste, parte da fazenda Southall, que não cumpria sua função social, foi desapropriada para assentar famílias acampadas no estado. A área onde Brum foi assassinado recebeu o nome de Assentamento Conquista do Caiboaté e hoje abriga 225 famílias, sendo referência na produção agrícola da região.

Serviço
O quê? Júri popular de Alexandre Curto dos Santos, policial militar que assassinou pelas costas o Sem Terra Elton Brum da Silva, em 2009, em São Gabriel.

Quando? Quinta-feira, 21 de setembro.

Horário: 9h30.

Onde? 5º andar do Foro Central I (Rua Márcio Luiz Veras Vidor, 10 - Praia de Belas, Porto Alegre, RS)
Fonte: Assessoria de Imprensa do MST

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

AS TRIBOS NO ESTADO DO PARANÁ E SUAS BATALHAS PELOS DIREITOS





 Há cerca de 240 tribos que vivem hoje no Brasil, totalizando aproximadamente 900.000 pessoas, ou 0,4% da população do país.
O governo reconheceu 690 territórios para a população indígena, que abrange cerca de 13% do território brasileiro. Quase todas estas terras (98,5%) encontram-se na Amazônia.
Imagem Google
Mas, apesar de cerca de metade dos índios brasileiros viverem fora da Amazônia, essas tribos ocupam somente 1,5% da área total reservada para os índios no país.
Os povos que vivem nas savanas e florestas atlânticas do sul, como os Guarani e os Kaingang, e o interior seco do Nordeste, como os Pataxó Ha Ha Hãe e os Tupinambá, estavam entre os primeiros que foram contatados pelos colonizadores europeus quando eles desembarcaram no Brasil em 1500.
Apesar das centenas de anos de contato com a sociedade de fora, na maioria dos casos os índios lutaram para manter sua língua e costumes em face do roubo e invasão das suas terras, que continua hoje.
A maior tribo hoje é os Guarani com uma população com cerca de 50.000 indígenas no Brasil. Porem eles têm muito pouca terra agora. Durante os últimos 100 anos, quase toda a sua terra foi roubada e transformada em vastas redes secas de fazendas de gado e plantações de soja e cana de açúcar. Muitas comunidades estão morando em reservas superlotadas e outras vivem sob lonas em beiras de estradas.
No Estado do Paraná a situação não é diferente para  o povo guarani que sobrevive a violência do homem branco. A equipe do blogger teve acesso a três Aldeias Guaranis que apresentaram diferentes condições humanitárias e sociais. Tekohá Marangatu,  Tekohá Añetete e Tekohá Itamarã.

Tekohá Marangatu
Imagem Google
Antes de entendermos o que se passa na  Aldeia devemos entender o significado da palavra Tekohá. Essa palavra indica  a forma que o povo guarani se refere a sua terra tradicional. Porém, mais do que um simples espaço ocupado por um grupo ou de onde retira sua sub existência, é nesta terra em que se produz toda cultura.

Um Tekohá é formado por uma família extensa, que é um ente sócio-político econômico e territorial autônomo, a estrutura básica da sociedade guarani.
Acesso à Aldeia
Cacique Inácio Martins
Fossa improvisada
A Aldeia Tekohá Marangatu se encontra no município de Guaíra - PR. possui um total de 47 famílias. O líder da Aldeia é o Cacique Inácio Martins. Em conversa com o mesmo ele explicou que a situação da Aldeia é precária. Não existe água e luz para todos. Há apenas disponíveis 14 banheiros para todas as famílias. As fossas sanitárias estão cheias e a Prefeitura não realiza a limpeza. Não possuem um espaço adequado para plantar. A segurança é comprometida, pois a policia militar, civil ou federal não comparece ao local. Apenas o Conselho Tutelar e Ministério Público vão à Aldeia para verificarem a situação dos indígenas. Quase todo o dinheiro que o cidadão indígena recebe do Bolsa família e Bolsa Verde serve para custear o pagamento da empresa fornecedora de energia elétrica. Alem disso,  torres de energia (alta tensão), pertencentes a ITAIPU BINACIONAL, passam pelo interior da Aldeia Marangatu e são um grande risco aos moradores.
Escola Mbyja Porã
Dentro do território da Aldeia existe à Escola Estadual Indígena MBYJA PORÃ EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS, com cerca de 80 alunos e dirigida pela professora Claudia Regina de Oliveira. Em conversa com Claudia foi percebido o descaso do Estado do Paraná com à escola. Praticamente todos os materiais usados pelos professores para preparação das aulas são conseguidos através de arrecadação realizada entre eles ou por doações. Os banheiros da escola se encontram entupidos. Não tem rampa de acesso para deficientes, sendo que à escola possui um aluno cadeirante. 
 A escola se mantém da boa vontade, empenho e dedicação de seu corpo docente.
Brigido, o aluno cadeirante,  destaca-se nas aulas se mostrando um aluno com intelecto superior. Claudia acredita que ele possui condições plenas de avançar pelo menos dois anos em sua grade curricular.
Aluno Brigido
Entretanto, não são só de problemas estruturais que a Aldeia e à Escola Estadual Indígena Mbyja Porã sofrem. O preconceito por parte da população de Guaíra é acerbado.

Cacique Inácio demonstrando as condições precárias na Aldeia
Calunias contra os indígenas são frequentes. A questão da demarcação da área indígena Terra Roxa, no próprio município, provoca vulnerabilidades sociais. Ameaças são constantes. Criticas ao modo indígena de viver são enormes. A Organização Nacional de Garantia ao Direito de Propriedade (ONGDIP), ligada ao sindicato rural de Guaíra, critica muito a demarcação de terras Guaranis no município.

Não há serviço de coleta de lixo na Aldeia

Apesar de tudo isso, a Aldeia Tekohá Marangatu persevera e segue na luta. Com apoio praticamente apenas do Ministério Público e de pessoas simpatizantes a causa indígena, como Claudia diretora das escola, aos poucos  a população indígena de Guaíra vai reconquistado seu espaço e mostrando que todo e qualquer tipo de preconceito é desnecessário. Tekohá Marangatu luta pela inclusão social do seu povo.

Tekohá Añetete
A Aldeia Tekohá Añetete se encontra no município Diamante D'Oeste - PR.
Escola Estadual Indígena KUAA MBO'E
Possui 78 famílias e 1747 hectares. Sua origem remonta da Aldeia Jacutinga que foi inundada devido a HIDROELÉTRICA ITAIPU BINACIONAL ter sido transferida em 1997 para sua atual localização. O Cacique da Aldeia é João. O Cacique também é professor de guarani na escola dentro da Aldeia à ESCOLA ESTADUAL KUAA MBO'E.
Cacique João
Diferente da situação de Guaíra à Aldeia possui uma assistência muito boa dos órgãos públicos locais. Existe água de poços artesianos  e rede elétrica. Também há um posto médico com um profissional contratado que vem uma vez por semana. O posto também possui profissionais dentistas e enfermeiros. Os atendimentos são feitos a indígenas e funcionários da escola.
Alunos em atividades escolares
Na área da Aldeia são plantados feijão, milho e mandioca com posterior venda para uma cooperativa. Ocorre uma coleta central do lixo e uma separação do mesmo para uma posterior reciclagem.
Alunos em atividades escolares
Alunos em atividades escolares
A Escola Estadual Kuaa Mbo'e possui cerca de 180 alunos. Foi ampliada em 2012. Possui atualmente 8 salas de aula, uma biblioteca e uma sala de ciência. Os professores são contratados pelo Estado e vem de transporte escolar fornecido pela Prefeitura de Diamante D'Oeste. Os materiais didáticos e merenda são fornecidos pelo Estado do Paraná. Há um bem estar na escola.
trabalhos artesanais
trabalhos artesanais


A sociedade de Diamante D'Oeste possui ótima relação com a Aldeia. A policia local também periodicamente faz uma ronda na Aldeia. A FUNAI também realiza visitas periódicas ao local. Existe uma participação cultural da Aldeia com o município, principalmente na passagem do dia do índio. O único porém, relatado pelo Cacique João é que a população da Aldeia está aumentando e num futuro próximo a área demarcada necessitará ser aumentada.
Apesar de estarmos no mesmo Estado existe uma perceptível diferença de importância dadas as Aldeias guaranis. Enquanto uma sofre com com o preconceito e a falta de assistência do Estado, a outra quase chega próximo do ideal para questão indígena. A diversidade e igualdade entres povos é fato. Só falta abrirmos os olhos para isso e darmos a devida importância. 


Tekohá Itamarã
Localização da Aldeia

Indígena e professor
Residência do Cacique chefe da Aldeia Tekohá Itamarã
Escola Arajú Porã
A Aldeia Indígena Itamarã localiza-se na Linha Lagoinha em Diamante D’Oeste, composta por 28 famílias e aproximadamente 138 pessoas entre adultos e crianças da etnia Avá Guarani. É uma comunidade carente que necessita do apoio do município e do Estado, tanto econômico quanto educacional, pois vive do artesanato, da agricultura individual e coletiva. Originários de São Miguel do Iguaçu e de Terra Roxa, vieram para Diamante D’Oeste no ano de 2003. Em 2005 saíram da aldeia Tekoha Anhetete e se instalaram na fazenda na Linha Lagoinha, esperando que a situação fosse resolvida, porém como nada foi feito, o dono das terras começou a plantar e então os indígenas saíram e foram ao lado do lago de Itaipu, em Santa Helena. Ali permaneceram por (3) três meses e depois foram no espaço de lazer da prefeitura, na linha Santa Maria em Diamante D’Oeste, ficando ali por um ano. Após este longo período de negociação, a fazenda foi adquirida pela Itaipu e FUNAI, e foi inaugurada no dia 03 de fevereiro de 2007 e passou a ser denominada de Aldeia Itamarã que significa “Pedra Preciosa”. O acesso à aldeia é feito por estrada de chão de difícil acesso. A Aldeia vem enfrentando vários problemas relacionados a verba para aquisição do gás e outras despesas existente na
Escola Indígena Arajú Porã
vida vegetativa de qualquer escola de nosso país. Segundo a direção da Escola o Estado fornece o valor único de R$ 800,00, para custear os gastos com gás o que não é suficiente, sendo necessário a doação por parte dos docentes e dos indígenas que vivem na aldeia e que sem tal ação, o valor apenas atenderia um semestre ao invés de dois. A Aldeia não possui um posto médico, o que já vem sendo solicitado a tempos, mas até o momento nada foi feito.


ACERVO DE IMAGENS OBTIDAS NAS ALDEIAS
Tekohá Marangatu

Tekohá Marangatu

Tekohá Marangatu

Tekohá Marangatu

Tekohá Marangatu
Tekohá Añetete

Tekohá Añetete

Tekohá Añetete

Tekohá Añetete

Tekohá Itamarã

Tekohá Itamarã

Tekohá Itamarã

Tekohá Itamarã

Textos: Kako Henrique e Eduardo Teixeira
Fotos: Eduardo Teixeira
Obs: Informações complementares obtidas no trabalho de Conclusão de Curso da Professora Claudia Regina de Oliveira, diretora da Escola Tekohá Marangatu.
Agradecimentos: Caciques Inácio, João e Professora e Diretora Claudia Regina de Oliveira, pela recepção, carinho e disponibilidade em conceder as entrevistas. 

Trabalho de Conclusão de Curso Srª Claudia Regina de Oliveira
A GARANTIA DE DIREITOS DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS INDÍGENAS FRENTE ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CASOS GUAIRA-PR.


LINK para DOWNLOAD do Trabalho:

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Guaíra & Terra Roxa – Relatório sobre Violações de Direitos Humanos contra os Avá Guarani do Oeste do Paraná


Acesse no link abaixo o relatório completo.

 http://bd.trabalhoindigenista.org.br/sites/default/files/Relatorio_Guaira&TerraRoxa_WEB.pdf

Relatório sobre Violações de Direitos Humanos contra os Avá Guarani tem ato de lançamento em Guaíra



 O Dia Internacional dos Povos Indígenas, Guaíra & Terra Roxa – Relatório sobre Violações de Direitos Humanos contra os Avá Guarani do Oeste do Paraná  foi lançado em manifestação com mais de 500 membros das comunidades da região
Com apoio do Centro de Trabalho Indigenista, a Comissão Guarani Yvyrupa lançou na última semana, no Dia Internacional dos Povos Indígenas (9/8), Guaíra & Terra Roxa – Relatório sobre Violações de Direitos Humanos contra os Avá Guarani do Oeste do Paraná (Acesse o PDF AQUI). Apresentado na aldeia Marangatu, a publicação revela diversos casos que vão desde a falta de acesso a direitos básicos como água encanada, energia elétrica, saúde e educação, até a discriminação e a violência física contra os Avá Guarani.
Reunindo mais de 500 pessoas, entre membros das comunidades Guarani, autoridades públicas e convidados de universidades da região Oeste do Paraná, a programação do lançamento começou cedo com apresentações de danças e rezas tradicionais.
Ainda na aldeia Marangatu, na sala de aula da Escola Estadual Mbja Porã, o relatório foi apresentado por Gilberto Benites Tupã Karaí, cacique do Tekoha Pohã Renda em Terra Roxa, e Ilson Soares Karai Rokadju, cacique do Tekoha Y’Hovy em Guaíra.
“As pessoas que ainda não conhecem a realidade dos Avá Guarani no Oeste do Paraná poderão conhecer. Nós sofremos muita discriminação justamente pela falta de conhecimento do que estamos vivendo”, comenta Gilberto Tupã Karaí.
Os dois caciques participaram de toda a elaboração do relatório acompanhando as visitas para a realização de entrevistas.
“O processo de elaboração do relatório se deu através das visitas nas aldeias. A Comissão Guarani Yvyrupa e as lideranças locais acompanharam todo o processo de pesquisa e levantamento das histórias contadas pelas próprias vítimas da violência que a gente passa todos os dias. Não é uma história que eu conto do fulano, mas sim a própria pessoa que passou”, conta Ilson Karai Rokadju.


Chegada da marcha ao centro de Guaíra (Foto: Comissão Guarani Yvyrupa – CGY)
Em seguida, os presentes saíram em caminhada para o centro de Guaíra. Com o relatório em mãos, a intenção era de formalizar a entrega nos órgãos públicos da cidade. A primeira parada foi na prefeitura, onde as comunidades Avá Guarani tiveram de esperar a chegada de Heraldo Trento (DEM) enquanto seguiam dançando e rezando nas ruas do município. O relatório foi também entregue no Ministério Público Federal.
“Nossas famílias precisam da demarcação de nossas terras, por isso viemos com nossas crianças e os mais velhos pessoalmente entregar o relatório na prefeitura e no Ministério Público Federal”, diz Anatálio Ortiz, cacique do Tekoha Jevy, no município de Guaíra.
A demarcação de suas terras na região é a principal reivindicação das comunidades e também principal motivo para a discriminação sofrida pelos Guarani e para a violência contra suas lideranças.
“Para que nossa situação venha de fato a mudar o que precisamos é da demarcação das nossas terras, do reconhecimento de nosso direito às terras tradicionais. Tudo o que está no relatório, todas as violências que sofremos é por falta do reconhecimento do nosso direito à terra que tem aumentado a violência e o preconceito nos municípios de Guaíra e Terra Roxa contra os Guarani”, lamenta Ilson Karai Rokadju.


Mulheres rezam em frente a prefeitura de Guaíra (Foto: Comissão Guarani Yvyrupa – CGY)
Guaíra & Terra Roxa – Relatório sobre Violações de Direitos Humanos contra os Avá Guarani do Oeste do Paraná tem como principal objetivo sistematizar e denunciar as graves violações de direitos humanos sofridas pelos mais de 1.600 Avá Guarani dos municípios de Guaíra e Terra Roxa que reivindicam o reconhecimento de seu território tradicional.
A publicação revela a negação de direitos básicos fundamentais, tais como o acesso à água, ao saneamento básico e aos serviços de saúde e educação. Além disso, compila os diversos casos de violências físicas, agressões, tentativas de assassinato e os inúmeros casos de preconceito contra indígenas no Oeste do Paraná.
O relatório mostra como o processo histórico de expulsão dos Guarani de suas terras estimulado com a ocupação do Oeste, promovida pelo estado brasileiro, é reiterado ainda hoje por meio do não reconhecimento das Terras Indígenas Guarani na região.
As informações foram coletadas principalmente em entrevistas realizadas com os próprios Guarani das 14 aldeias dos municípios de Guaíra e Terra Roxa. Também foram colhidos depoimentos de pessoas que trabalham diretamente com as comunidades e consultados os processos judiciais que envolvem as aldeias e seus membros.
Realizado pela Comissão Guarani Yvyrupa, organização que representa o povo Guarani no Sul e Sudeste do Brasil, a publicação contou com o apoio do Fundo Brasil de Direitos Humanos (FBDH), do Fundo Socioambiental CASA, da Embaixada Real da Noruega e do Centro de Trabalho Indigenista.

Fonte:http://trabalhoindigenista.org.br/relatorio-sobre-violacoes-de-direitos-humanos-contra-os-ava-guarani-tem-ato-de-lancamento-em-guaira/ 


terça-feira, 8 de agosto de 2017

Ato contra os ataques do governo Marchezan


O Bloco de Lutas pelo Transporte 100% Público te convida para ir a rua e dizer que a situação não pode ficar assim!Transporte público não é mercadoria! Vamos mostrar pra essa máfia que a população não aceita um transporte TRI caro, TRI demorado, TRI sucateado e TRI lotado e ainda mais essas retiradas de direitos.
Movimentaremos a cidade por um transporte 100% público e com qualidade, prestando solidariedade à luta de todos os servidores públicos atacados por esses desgovernos que nos precarizam os serviços públicos, nos roubam o direito à moradia, enquanto enchem seus bolsos com nosso dinheiro. Nossa vitória não será garantida por governantes ou empresas. Ela será construída na rua, ombro a ombro, desde baixo. Só a pressão da comunidade, trabalhadores e estudantes pode mobilizar a luta por um transporte público de qualidade, sem ônibus sucateados lotados ou cortes de linhas que te fazem mofar nas paradas.


CONTRA UMA TARIFA ABUSIVA CONTRA OS ATAQUES DO GOVERNO MARCHEZAN POR UM TRANSPORTE 100% PÚBLICO!
Todos os anos, os patrões da máfia do transporte se aliam com a Prefeitura da vez para negociar o aumento nas passagens de ônibus na cidade.Em 25 anos a tarifa cresceu 234% acima da inflação, só em 2015 nos roubaram 8 milhões de reais. Esse dinheiro representa um roubo no nosso direito de ir e vir no valor de passagens de 110 ônibus lotados por dia em um ano. Pra onde foi todo esse dinheiro? Quem irá nos ressarcir? Nesse ano, além do aumento absurdo da passagem, o prefeito vem com uma clara ação de higienização elitista do centro da cidade e dos bairros boêmios, atacando diretamente as pessoas em situação de rua e também coibindo as livres manifestações e simples ir e vir. A unidade entre empresários e Marchezan na tentativa de lucrar mais em cima do povo ataca diretamente algumas categorias, como rodoviários e professores municipais. Pagamos absurdos R$4,05 para andar em ônibus superlotados e cujos funcionários vivem péssimas condições de trabalho e com um reajuste salarial que não veio.

Marchezan já decretou o fim da segunda passagem gratuita pra quem não possui o TRI Escolar e a medida já entra em vigor em trinta dias!
Além disso, já foi enviado à Câmara o pacote (INSIRA INSULTO GENIAL AQUI) para precarizar o transporte público em Porto Alegre. Marchezan e seus aliados querem ACABAR COM A FUNÇÃO DO COBRADOR, criando mais desemprego e sobrecarregando os funcionários que ficarem.
Enquanto o prefeito Júnior faz video-selfies engraçadinhas nas redes sociais, a cidade de Porto Alegre é entregue às empresas privadas e ao lucro do patrão.

MARCHEZAN QUER IMPLANTAR SEIS PROJETOS QUE ATACAM QUEM ESTUDA, QUEM TRABALHA E PESSOAS IDOSAS:
> Fim da isenção para pessoas de 60 a 64 anos;
> Fim da isenção aos professores e limitação da meia passagem para estudantes com renda familiar de até 3 salários mínimos;
> Redução do número de viagens gratuitas para idosos de mais de 65 anos: atualmente idosos com mais de 65 anos e portadores de deficiências podem viajar gratuitamente 8 vezes ao dia. Projeto de lei prevê apenas 4 viagens diárias;
> Aumento para 12 anos o limite de idade para circulação do ônibus.
> Regulamentação da isenção aos brigadianos e guardas municipais, que agora poderão andar gratuitamente sem precisarem estar fardados e identificados;
> Extinção gradativa da função do cobrador: duas medidas principais serão tomadas, acabar com o cobrador das 22h até as 4h da manhã (obrigando o usuário a usar o TRI), em feriados, domingos e dias de passe livre e não obrigar as empresas a contratar mais cobradores para suprir a demanda em caso de demissão, aposentadoria, falecimento, etc.

PROTESTO NÃO É CRIME
Num processo desprovido de provas concretas e repleto de argumentos inverídicos, seis integrantes do Bloco de Lutas estão sendo politicamente perseguidos por lutarem por um transporte 100% público, em que todas as pessoas tenham acesso à toda cidade. Essa repressão tem o claro intuito de criminalizar não apenas estes seis indivíduos, mas, sim, aumentar o cerco de opressão e perseguição às lutas sociais.
O Bloco de Lutas pelo Transporte Público repudia a perseguição aos militantes, a violência policial nos protestos e todos os métodos de violência estatal, e segue nas trincheiras pelo fim da criminalização dos movimentos sociais.

ENQUANTO MARCHEZAN GOVERNAR, NÃO DÁ PRA SE CALAR!
Historicamente o Bloco de Lutas pelo Transporte Público se manteve nas ruas lutando contra as medidas dos governos e das empresas que só querem nos explorar ainda mais. Não podemos ignorar que o governo de Nelson Marchezan Júnior é de enfrentamento com as classes populares e fortalecimento do privilégio dos ricos.
Não ficaremos parados enquanto o transporte PÚBLICO for entregue nas mãos dos donos da bola e negar o direito de acesso da população ao centro e aos bairros da cidade.

AGENDA DE MOBILIZAÇÃO:
- 11/08 (sexta-feira) - Ato contra os ataques do governo Marchezan na Prefeitura - 18h
- 15/08 (terça-feira) - Assembléia do Bloco no Glênio Peres - 18h
Pelo transporte 100% público!
Toda solidariedade aos rodoviários!
Contra a criminalização dos movimentos sociais: absolvição imediata do seis ativistas do bloco de lutas!
Como em 2013, só a força das ruas pode reduzir essa passagem!
Fonte: Facebook

quinta-feira, 13 de julho de 2017

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM TERRA (MST) E O MODELO DE ESCOLAS PARA O BRASIL



 ESCOLAS ITINERANTES UM PROJETO QUE DEU CERTO
Um olhar de esperança (Imagem cedida)
A Escola Itinerante foi criada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com intuito de garantir o direito à educação das crianças e adolescentes em situação de itinerância, enquanto estão acampados, lutando pela desapropriação das terras improdutivas e implantação do assentamento. É uma escola que está voltada para toda a população rural acampada, pois os acampamentos são formados por famílias que foram excluídas da terra, do processo produtivo e de todos os seus direitos, inclusive o de estudar.


A expressão “Itinerante” vem da ideia de não fixo, ou seja, que é possível se movimentar, mudar de lugar, deslocar-se para exercer certa função. Assim sendo, a Escola Itinerante pode ser compreendida como a escola que anda, que se movimenta e que em sua dinâmica de movimentar-se, de mudar de lugar, próprios das reivindicações e estratégias de luta construídas nas ocupações de terra, ela acompanha para garantir o direito de estudar dos sujeitos acampados.  

Na região do Paraná existe uma quantidade expressiva de Escola itinerantes  pertencentes ao MST, principalmente na região oeste.  A equipe do blog pôde acompanhar a rotina de duas escolas de dois  acampamentos: Escola itinerante Herdeiros do Saber 1 localizada no acampamento Herdeiros da Terra  e a Escola Itinerante Wagner Lopes do acampamento Dom Tomas Balduíno.


                                                   Escola Itinerante Herdeiros do Saber 1
Imagem cedida

A Escola itinerante Herdeiros do Saber 1 possui um total de 525 alunos divididos em turnos pela manhã, tarde e noite. Pela manha os alunos estão divididos em 10 turmas, enquanto a tarde estão  divididos em 8 turmas. existe também um reforço para os alunos parte da noite.

Os turnos de aula acontecem das 07:45 até  11:20 e das 12:45 até 16:40. Possuem esses horários devido ao transporte escolar que ocorre da cidade até o acampamento e vice-versa, principalmente em função dos professores que residem em sua maioria em Quedas do Iguaçu. Todo dia pela manhã, antes do começo das aulas, é realizado o tempo-formatura onde são exaltados os princípios do MST através de canções entoadas pelos alunos.
Esforço e dedicação (Imagem cedida)
Os alunos visando aprimorar seus estudos possuem uma biblioteca repleta de livros. Parte dos livros são fornecidos pelo Estado do Paraná, mas a grande maioria é adquirida através de pessoas simpatizantes com a escola e o movimento.  A qualquer momento do dia, os alunos possuem acesso ao material didático existente na biblioteca. 

Há uma preocupação da escola com a agro-ecologia e a sustentabilidade e, por isso, em horários extraclasse, os alunos se dedicam a horta da Escola e aprendem a lidar com um plantio de vegetais livres de agrotóxicos.

Apesar da exemplar organização da Escola, a mesma possui certas dificuldades. Falta de água, mal provimento de internet e dificuldade de recebimento de gêneros alimentícios para a merenda são comuns. A maioria das refeições servidas são incrementadas com produtos doados pelo próprio acampamento, pois o Estado tem dificuldade em prover uma alimentação básica. Ocorre também uma certa falta de estrutura nas construções do colégio, tendo em vista que as salas possuem piso de chão batido (terra). Apesar de tudo a alegria e orgulho de ser um sem-terra é perceptível nos rostos dessas crianças. 
Atenção e dedicação em sala (Imagem cedida)


Célio,um dos coordenadores pedagógicos da escola Herdeiros do Saber 1, em entrevista com equipe do blog, abordou alguns assuntos pertinentes ao sistema de ensino do MST. Conforme ele, o ensino do Movimento procura realizar uma transformação social, através de uma organização baseada em elementos de luta que proporciona a identidade do sem terra. Os alunos das escolas têm que estar consciente da classe trabalhadora a qual faz parte e saber também o que esta se passando no mundo, ou seja estar atualizado. Segundo Célio além das matérias obrigatórias pelo MEC, o aluno do MST tem uma grade de estudos baseada na ideologia socialista, onde se debatem questões da vida, relações sociais e a condição social do sem-terra. Para materializar isso, as escola possuem planos de estudos e  procuram ter interdisciplinaridade entre as matérias.    
Debates que enriquecem o saber (Imagem cedida)

Debates são comuns nas salas de aula proporcionando aos alunos um senso critico e um conhecimento sobre os assuntos mais relevantes da nossa sociedade. Portanto, o MST refuta de maneira solene o projeto de lei "Escola Sem partido". De acordo com Célio , esse projeto diminui o senso critico do aluno destruindo o pensamento e a ideologia das escolas do MST. A proposta das escolas é proporcionar uma sociedade mais justa e desigual  buscando o apoio da sociedade. Estreitar as ligações do campo com a sociedade através das relações sociais e principalmente proporcionar uma educação de qualidade para o filho do acampado.



                                                                         Escola Itinerante Wagner Lopes
 A Escola Itinerante Wagner Lopes possui aproximadamente 500 alunos, divididos em turnos pela manhã, tarde e noite. A educação varia do ensino fundamental ao ensino médio. Diferente da Herdeiros do Saber 1, a escola possui alunos de fora do Estado do Paraná e estrangeiros mostrando que não existem preconceitos na matricula de alunos.

Professora realizando demonstração
 Em sua programação, fora o currículo escolar previsto pelo MEC, são previstas aulas especiais de agronomia e artes.
Maicon - Equipe de Coordenação Escolar
Além disso dar ênfase na  interdisciplinaridade  entre as matérias. Atividades extraclasse como  a separação do lixo e reciclagem são comuns na Escola.
Alunos em sala de aula
Debates na sala de aula a respeito de assuntos da atualidade como política, preconceito, diversidade e reforma agrária são comumente realizados. Também assim como em outras escolas itinerantes o tempo-formatura é previsto antes do inicio das aulas.
Biblioteca
A escola possui uma biblioteca com um discreto acervo de livros e alguns computadores com acesso a internet, onde os alunos podem realizar suas pesquisas. Além de livros, a biblioteca possui jogos para recreação dos alunos.


A avaliação dos alunos é feita a partir de um parecer descritivo, onde vários professores conceituam um mesmo aluno proporcionando um conceito escolar mais justo. Caso o aluno não consiga êxito, o mesmo entra em recuperação(turno noturno), sendo posteriormente submetido a outro parecer descritivo.


Porem as dificuldades rondam essa exemplar escola, principalmente no tocante a falta de recursos para a merenda. Carne,  não se recebia do Estado desde abril de 2015.
Confecção da merenda


Apenas em maio de 2017, a Escola Itinerante recebeu esse gênero alimentício. Para contornar essa situação, a comunidade existente no acampamento auxilia a confecção da merenda com doações.


Assistência médica para as crianças não existe e assistência religiosa e raríssima  pois o padre de Quedas do Iguaçu não visita o acampamento. De maneira geral existe um certo preconceito da cidade de Quedas do Iguaçu com a população acampada, o que traz maus reflexos para educação dos filhos dos acampados e também para o acampamento como um todo.

Verônica - Equipe de Coordenação Escolar
Outro problema existente é que nem todos profissionais da escola recebem salários do Estado. Para compensar isso existe um rateio entre os que recebem para custear os que não recebem salários. Os desafios para a Escola e seus profissionais são muitos, mas para essa gente a solidariedade e a responsabilidade não tem limites.
  

Portanto as Escolas Itinerantes são um exemplo para a sociedade brasileira  e contrapondo às instituições capitalistas. Mostram que mesmo com muito pouco, quando se tem organização, solidariedade e força de vontade coletiva, se pode ter um ensino de qualidade para as nossas crianças e um futuro melhor.

 Texto: Kako Henrique
 Fotos: Eduardo Teixeira 
 Colaboração: Escola Herdeiros do Saber 1 (entrevista e imagens)  (Prof e Coord Toni Escobar)
                        Escola Wagner Lopes (entrevista) (Prof e Coord Maicon e Verônica)




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