domingo, 25 de junho de 2017

Militantes do MST e a luta por terras no Estado do PARANÁ



A luta declarada dos movimentos sociais contra o agronegócio e as monoculturas já não é novidade, e com o MOVIMENTO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS SEM TERRA (MST) não é diferente. O MST declaradamente luta contra injustiças sociais de todos os gêneros e há tempos levanta uma bandeira a favor da igualdade na distribuição de terras.  Essa luta é antiga, mas por vezes é degradante e demorada.  




Acesso ao Acampamento
           Em 18 de março de 2016, cerca de mil e quinhentas famílias receberam a ordem do estado de desocupar o acampamento estabelecido na Fazenda Santa Maria no município de Santa Terezinha do Itaipu - PR. A policia não mediu esforços e em 18 de maio de 2016, de maneira opressora expulsou essas famílias do seu acampamento sediado na Fazenda. Conforme relatos da militante Vani, uma das testemunhas da época, a medida que tentavam dialogar com os policias no local, outros policiais, de maneira deplorável e humilhante iam destruindo as casas, matando cachorros e expulsando as pessoas de suas atuais moradas.  Segundo Vani, a maioria das famílias não conseguiu retirar os eletrodomésticos e móveis de suas casas.
VANI - Militante entrevistada
         Não tendo outra alternativa, os acampados rendidos por policiais fortemente armados, foram deslocados em caminhões do tipo caçamba, amontoados e com escolta policial como se presidiários fossem. Esses caminhões foram fornecidos pela prefeitura de Santa Terezinha do Itaipu, visando a retirada rápida de trabalhadores e suas famílias, que eram vistos por aquela prefeitura como estorvo na região. Foram para o atual acampamento nas margens da rodovia BR - 277 em São Miguel do Iguaçu no Paraná, local do antigo ITEPA conhecido também por Escola José Gomes da Silva. Foram três dias de mudança e muito sofrimento para os trabalhadores que buscavam uma condição de vida mais justa e igualitária.
Antiga Escola Itinerante (Desativada)
         A nova ocupação que se estabeleceu de maneira quase desumana perdura até os dias atuais, data desta matéria. Das 1500 famílias que chegaram ao novo acampamento, atualmente, restam apenas 80, devido a forma precária com que os trabalhadores rurais e suas famílias se encontram vivendo. Famílias lotadas nas antigas instalações do ITEPA, redistribuem-se em ginásios, alojamentos, cozinhas e até mesmo banheiros.
         Sem praticamente nenhuma área para plantar os moradores vivem da repartição do pouquíssimo que produzem, de doações de alimentos e de uma padaria comunitária existente no local. A policia entra no acampamento de maneira inopinada e sem autorização nenhuma.
Condições de moradia atuais precárias
          Os habitantes do acampamento estão esquecidos pela sociedade. Se não são as mobilizações do Movimento, ninguém sabe a situação desses trabalhadores.
Militantes fazem a segurança do local
          De acordo com Saulo, morador do acampamento, as promessas são muitas das instituições responsáveis como INCRA, Governo do Estado do Paraná e Ministério Público. Porém todos dizem estar buscando uma solução para essas famílias, mas até o momento nada mudou. O Governador do Estado, Beto Richa, prometeu que até o fim de 2018 todas as famílias acampadas do Paraná estarão assentadas. Mas o INCRA diz que não tem dinheiro e nem terras para cumprir tal promessa. Além disso a segurança dentro do acampamento é preocupante. Há relatos de contrabandistas, conhecidos por "mochileiros" que cruzam o local a noite.  A situação em um ponto de vista humanizado é frustrante.
         Apesar de tudo, a esperança e a solidariedade dentro do acampamento não têm limites. As mulheres se organizam em reuniões, as crianças brincam, estudam e todos procuram se ajudar. A prefeitura de São Miguel do Iguaçu, na figura do prefeito Claudiomiro da Costa Dutra, auxilia os acampados com ônibus escolar para o deslocamento das crianças até as escolas municipais. Devido ao pouco espaço e a proximidade com a cidade, o acampamento não possui escola itinerante. As construções de casas no acampamento são voluntarias, mas a mobilização parte de todos, mostrando que a coletividade funciona. Apesar dos inúmeros problemas a comunidade funciona mostrando um alto grau de organização. O caráter social é evidente nessa comunidade.
         Enfim a luta pela terra ferve nas veias dessas pessoas que não perdem a esperança de um futuro melhor principalmente para suas futuras gerações.  Mostram que com muito pouco, mas força de vontade coletiva, qualquer sociedade pode dar certo. Que esses companheiros
BANCO DE IMAGENS DO LOCAL
Moradias precárias
Condições mínimas de sobrevivência
 
Geração do presente, esperança do futuro
 Redação: Henrique
 Fotos: Eduardo Teixeira

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