quinta-feira, 8 de junho de 2017

O índio brasileiro: ele resiste e quer seu espaço

Eles estão aqui: a situação do índio brasileiro em 2017

Povos originais do nosso país, indígenas hoje vivem à margem da sociedade, lutando por direitos e lidando com a devastação de seu povo. Neste panorama, saiba quem são, o que querem e o que precisam os índios brasileiros.


Dos milhões em 1500 aos milhares em 2017: quem é o índio brasileiro?


Desde o Descobrimento do Brasil, em 1500, lendas passadas de geração em geração distanciaram e mistificaram a figura do indígena nativo diante dos olhos dos colonos europeus e seus descendentes. No entanto, poucos levam em consideração que essas populações já habitavam o continente, séculos antes da chegada dos exploradores. Não seria esse o momento de reconhecer os índios como os herdeiros dos verdadeiros brasileiros donos da terra, que hoje chamamos de Brasil?

Em seu livro ‘Os Índios e a civilização’, Darcy Ribeiro explica que o indígena brasileiro pode ser definido pela conservação dos costumes ancestrais em detrimento à adaptação ao modo de vida da sociedade. “[…] índio é todo o indivíduo reconhecido como membro por uma comunidade pré-colombiana que se identifica etnicamente diversa da nacional e é considerada indígena pela população brasileira com quem está em contato”.
Apesar da falta de fontes precisas, estima-se que as populações indígenas tenham chegado a algo entre 2 e 5 milhões de indivíduos, nas terras hoje ocupadas pelo Brasil. A teoria arqueológica mais aceita é de que teriam povoado a América vindos da Ásia, através do Estreito de Bering, cerca de 13 mil anos atrás
Novo Mundo
Nas últimas décadas não têm sido raras as notícias sobre conflitos entre índios e agricultores em disputa por terras reivindicadas por ambas as partes, como o extermínio em andamento dos remanescentes das tribos Guarani Kaiowá, na Reserva de Dourados, no Mato Grosso do Sul, onde foram assentados depois de séculos fora de suas aldeias originais no sudeste e centro-oeste do país. Ataques ao povo Manchineri, no Acre e atrocidades contra os Gamela, no Maranhão.
“Pelo censo de 2010, feito pela FUNAI, há cerca de 800 mil índios. Mas agora esse ano, o Instituto Sócio Ambiental (ISA) lançou um mapeamento, constatando em torno de 715 mil índios. Contudo, a metodologia do IBGE, que faz o censo, é diferente. O instituto brasileiro usa um método partindo do indivíduo para o grupo, enquanto o ISA realiza uma lógica que parte do grupo e vai para o indivíduo.”, explica Flávio Leão Bastos Pereira, membro da Academia Internacional dos Princípios de Nuremberg e pesquisador sobre o genocídio dos povos indígenas.
Por outro lado, Bastos Pereira explica que apesar do aumento sensível da população, o horizonte não parece assim tão promissor para um eventual processo de descolonização. “Na verdade, a situação  dos povos indígenas atuais é terrível. Suas terras, que foram espoliadas, são a base de sua subsistência. Esta espoliação decorre, do ponto de vista histórico, do processo de colonização. Foi um processo genocida de extermínio constante. Hoje, os povos indígenas tiveram tomadas as suas terras e foram convertidos à mão de obra barata, quase escrava para a manutenção do sistema de produção imposto pela sociedade dominante”, esclarece o especialista, que também é professor de Direitos Humanos e Direito Constitucional, no Mackenzie.
Segundo a Funai, atualmente existem 462 territórios classificados como Terras Indígenas (TI) no Brasil. Habitadas por cerca de 300 povos, representam apenas 12% do território nacional. Apenas em 1990 o Estado reconheceu o dever de demarcar e proteger as terras pertencentes aos povos nativos, como a reserva Yanomami (AM/RR) e a controversa Raposa Serra do Sol, em Roraima.
Críticos do sistema de demarcações da Funai, alegam que as reservas não respeitam as divisões entre as etnias indígenas. “Fronteira é um conceito jurídico que nasce com a ideia de Estado-Nação – uma formação de estado moderno-contemporâneo. Os povos indígenas não são nações. Muitas vezes são grupos, ou seja, não dependem de fronteiras artificiais, reforçadas no fim do século XIX e começo do XX. O povo Ianomâmi, por exemplo, existe muito antes do surgimento desses conceitos. As reservas não respeitam a cosmologia e cultura desses grupos. Vale ressaltar que não adianta tirar esse povo de sua terra ancestral e colocar em uma reserva. Muitos deles morrerão. A relação terra-indivíduo é muito maior do que a obtenção de recursos. Além disso, há também uma lógica de crença, religião e mitos”, exemplifica o professor.

Fonte (texto e fotos): 
https://br.yahoo.com/noticias/1308920-190217507.html
https://br.noticias.yahoo.com/dos-milhoes-em-1500-aos-milhares-em-2017-esse-e-o-indio-brasileiro-174623599.html

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