Representantes da CNBB, CUT, sindicatos, movimentos sociais e
pastorais participaram do 21º Grito dos Excluídos, na manhã desta
segunda-feira, dia 7 de setembro, em Porto Alegre . A atividade,
realizada em todo o país, teve este ano como tema “Que país é este que
mata gente, que a mídia mente e nos consome?” e defendeu a
democratização dos meios de comunicação como fator de inclusão social e
de fortalecimento da democracia.
Desde as 9h, os manifestantes se concentraram na Rótula das Cuias,
próximo ao Acampamento Farroupilha e, após pronunciamentos das
entidades, saíram em caminhada até a Usina do Gasômetro, levando
cartazes e bandeiras. Uma faixa das pastorais destacava a frase do Papa
Francisco: “Nenhuma família sem casa, nenhum camponês em terra, nenhum
trabalhador sem direitos.” A atividade foi encerrada por volta das 12h.
Grito pela democracia e contra o golpe
O secretário de Comunicação da CUT-RS, Ademir Wiederkehr, destacou
que este era um grito pela democracia e para dizer não ao golpe e à
ditadura. “Queremos democracia profunda, o que passa por uma reforma
política a partir de uma constituinte popular, porque esse Congresso não
nos representa”, disse.
Grito contra a política econômica e em defesa dos direitos
“Outro grito é contra a política econômica do ministro Levy, que
aumentou os juros e favorece os rentistas e banqueiros”, frisou. “Que os
recursos públicos sejam direcionados ao desenvolvimento do país para
gerar empregos e estimular a produção e o consumo e não ao capital
especulativo, o que exige uma mudança na política de juros e outras
medidas econômicas”.
Ademir enfatizou que a atividade é também”um grito em defesa dos
direitos dos trabalhadores e contra os projetos que tramitam na Câmara
Federal, como o da terceirização, que tentam acabar com direitos
históricos da classe trabalhadora. “Não queremos terceirização nem
quarteirização. Queremos trabalho decente e não precarizado para os
trabalhadores e os jovens”, justificou.
Grito contra o desgoverno do Sartori
No âmbito do RS, Ademir lembrou que “o grito é também contra o
desgoverno do Sartori, que parcela e arrocha salários e penaliza os
servidores para tentar justificar o tarifaço, a redução do tamanho do
Estado e a retomada das privatizações”.
O dirigente da CUT-RS defendeu dignidade para os servidores, serviço
público de qualidade e manutenção do Banrisul, da Corsan, da CEEE e das
demais empresas e fundações do Estado.
Grito pela democratização da mída
Por fim, Ademir destacou que “o grito é também contra o monopólio e a
manipulação da mídia e pela democratização dos meios de comunicação”.
Para isso, “precisamos lutar por um marco regulatório para a
comunicação, a fim de que o povo tenha voz e vez”, acentuou. “O grito
dos excluídos é por inclusão social para construir as grandes
transformações que nosso país precisa”, concluiu.
Mais saúde e educação
O diretor da CUT-RS, Amarildo Cenci, alertou para “a mercantilização
da educação”, o que já vem sendo combatido pelo Sinpro-RS e entidades
representativas dos educadores.
Os manifestantes fizeram também chamados aos movimentos para
intensificar a resistência ao retrocesso e ao conservadorismo que tenta
se instalar no Congresso e em algumas instituições e que tem sido levado
para às ruas em protestos orquestradas pela direita conservadora. “Há
uma grave crise política que sequestra o governo que elegemos. Por isso
precisamos de força nas ruas”, alertou o representante do grupo
Mariguela.
O representante do Levante Popular da Juventude relatou o lançamento
nacional da Frente Brasil Popular, ocorrido no último sábado, em Belo
Horizonte, e que começará também a ser organizada no RS, como um
importante instrumento de luta contra as forças da direita, de forma
unitária e não setorizada.
Integrantes da Marcha Mundial das Mulheres também se manifestaram e
levaram as suas bandeiras para defender os direitos das mulheres aos
seus corpos e às suas escolhas, e anunciaram a Ação Internacional das
Mulheres, que será realizada nos dias 26, 27 e 28 de setembro, em
Santana do Livramento, na fronteira do Brasil com Uruguai.
Defesa da Petrobrás e do pré-sal
Entre as iniciativas que exigem força social está a defesa da
Petrobrás, cujo aniversário de criação ocorre no próximo dia 3 de
outubro. Segundo as entidades, a sociedade tem que se mobilizar para
defender a empresa e o pré-sal, cujos recursos dos royaltes terão parte
destinada à saúde e à educação.
É importante se lembrar de que o projeto 131/2015, do senador José
Serra (PSDB-SP), altera o modelo de partilha para entregar essa riqueza
do povo brasileiro aos grandes grupos multinacionais do petróleo,
acabando com a possibilidade de uso destes recursos em benefício do
desenvolvimento da Nação.
Houve também manifestações sobre a necessidade de reformas que deem
conta de atender as demandas da sociedade, o que passa por baixar juros,
taxar as grandes fortunas, combater a sonegação, lutar contra o
extermínio da juventude negra, contra a mercantilização da educação e
contra a concentração cada vez maior de renda, entre outras questões.
Ainda participaram representantes do Clube do Povo, uma torcida
organizada do Inter, que defenderam a inclusão e a democracia através do
esporte e criticaram a política de elitização do futebol nos estádios.
Os manifestantes foram unânimes de que vivemos um momento histórico,
onde precisamos organizar a luta de massas, fortalecer as mobilizações
para enfrentar o retrocesso que tenta se instalar neste país e garantir
um movimento que seja capaz de fazer com que 7 de setembro possa vir a
ser o dia da independência de fato.
Fonte: CUT RS.
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