Em encontro com centenas de
representantes de movimentos sociais, Dilma é cobrada por retomada de
projeto que defendeu nas eleições e afirma que "nunca mudou de lado"
por Eunice Pinheiro, para a RBA
publicado
13/08/2015 20:33,
última modificação
13/08/2015 21:03
Comments
Roberto Stuckert Filho / PR
Movimentos sociais gritaram palavras de ordem como "não vai ter golpe" e alertaram: "É pra nós que você deve governar"
Brasília – "Eu sei de que lado
estou. Na minha vida, já mudei muito. Às vezes para melhor, outras,
segundo algumas pessoas, até para pior. Mas eu nunca mudei de lado",
afirmou a presidenta Dilma Rousseff, durante encontro com os movimentos
sociais, realizado nesta quinta-feira (13). Na reunião, foi anunciada a
criação, em setembro, do Fórum Nacional de Debates sobre Trabalho,
Renda, Emprego e Previdência Social, que será mais um canal de diálogo
do Executivo com os movimentos sociais.
Dilma afirmou que está tomando medidas para que o
país volte ao caminho do crescimento e que está na presidência para
resolver todos os problemas do país até 31 de dezembro de 2018, quando
deixará o governo. A presidenta voltou a citar os versos do compositor
Lenine: "quando a lida está má, a gente enverga, mas não quebra".
A presidente foi recebida por centenas de
representantes de movimentos sociais, que gritavam palavras de ordem,
como "não vai ter golpe". Em seguida, líderes das entidades sociais
apresentaram os assuntos de maior importância para cada segmento. Um
item foi quase unânime: a retomada do projeto debatido durante a
campanha eleitoral e que a diferenciou do projeto representado por seu
adversário, Aécio Neves (PSDB).
"Foi aquela agenda que nós elegemos. Este ajuste
fiscal, como está sendo posto, não condiz com o programa que elegemos.
Este programa econômico é neoliberal e está alinhado com as políticas
norte-americanas", disse Alexandre Conceição, um dos coordenadores do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Para ele, a reunião
com a presidenta foi importante, porque os movimentos puderam passar
recados tanto para o governo, como para a oposição que hoje tenta
articular um golpe.
O repúdio à ameaça de golpe foi outro ponto comum em
todas as falas dos líderes de entidades. "Golpistas, nós somos
construtores da democracia. Nós iremos para as ruas, entrincheirados, se
necessário. Nós seremos o exército que vai enfrentar a burguesia nas
ruas", afirmou Vagner Freitas, presidente da CUT, aplaudido de pé pelos
militantes.
Freitas enfatizou, a cobrança dos movimentos sociais
para que o governo Dilma ouça mais a base social que a elegeu e retome a
"agenda vencedora" em 2014. "É para nós que estamos aqui que a senhora tem de legislar", alertou. O presidente da CUT associou a ampliação do apoio social ao governo também à forma como conduzirá a recuperação da economia.
“Ajuste fiscal é reforma tributária que reduza a
carga de impostos pagos pelos mais pobres e aumente a dos mais ricos. O
que precisa ser feito é fazer andar a pauta dos trabalhadores de forma
efetiva e consistente”, cobrou o dirigente. “Esse povo que está aqui tem
condição de fazer a transformação do Brasil. Não é o mercado que vai
garantir a governabilidade. É esse povo que está aqui, presidenta Dilma.
Todos juntos por um Brasil melhor, com Dilma e contra o golpe.”
Outra reivindicação comum, entre os líderes das entidades, foi o
pedido para que Dilma vete a Lei antiterrorismo, aprovada pelo
Congresso Nacional. "Essa Lei visa apenas uma coisa: criminalizar os
movimentos sociais", afirmou Carina Vitral, presidente da União Nacional
dos Estudantes (UNE). Carina pediu que a educação não seja afetada pelo
ajuste fiscal e que os movimentos sociais sejam incluídos na discussão
da agenda política brasileira.
Alberto Broch, presidente da Confederação Nacional
dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), reivindicou a manutenção dos
direitos agrários, maiores investimentos na reforma agrária, na
agricultura familiar, nos empreendimentos agroecológicos e a retomada do
programa Minha Casa Minha Vida. A presidenta Dilma respondeu que
programa foi reformulado e que, em setembro próximo, será lançada a
terceira etapa.
Representando o Movimento de Articulação Nacional de
Mulheres Pescadoras Artesanais, Eleonice Sacramento falou da importância
de manutenção dos territórios das comunidades tradicionais, que hoje se
encontram sob ameaça. "Não teremos vida para defender esse governo, se
não tivermos nossos territórios", afirmou Eleonice, que reivindicou
também a criação de uma Política Nacional para Povos e Comunidades
Tradicionais.
O presidente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto,
Guilherme Boulos, foi enfático ao falar sobre a ameaça de impeachment
da presidenta Dilma: "Faço um alerta aos golpistas. Essa turma do
Leblon, dos Jardins e do Lago Sul não representam o povo brasileiro".
Boulos deixou claro, porém, que o MTST rechaça a política econômica e
não aceita que o povo pague a conta da crise. Cobrou da presidenta que o
ajuste fiscal deve ser feito usando a taxação das grandes fortunas e
dos bancos, e ainda com auditoria da dívida pública.
Para Raimundo Bonfim, coordenador da Central de
Movimentos Populares, o ajuste fiscal proposto pelo governo não pode
impedir os avanços conquistados. "Queremos a taxação das grandes
fortunas, o combate à sonegação, a punição aos que mantêm contas no
exterior. Queremos também a manutenção de um diálogo efetivo com o
governo, a repetição desse evento e a implementação da pauta eleitoral",
disse.
A demarcação das terras indígenas também foi
reivindicada por Alexandre Conceição, do MST. Ele pediu ainda a redução
dos gastos do governo em publicidade oficial diretamente com a Rede
Globo.
fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2015/08/representantes-de-entidades-rechacam-ameacas-de-golpe-e-apresentam-reivindicacoes-ao-governo-5474.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário